sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Pose de morte

Não gostava dessa foto da avó. O semblante era triste, anúncio de morte. A consciência do fim estava ali, e talvez só ali. Nos dias finais que lhe restaram viveu como se não existisse fim: alegre, jovial, quase inconsequente. Oitenta e seis anos. Mas naquela foto, como num capricho, a lucidez esticara a linha até o limite. Era a finitude no semblante, a morte empedrada. Para nunca mais.Ninguém fez jamais tal pose de morte.

2 comentários:

Maíra disse...

Oba!
O próximo você puxa Castro

pozinha disse...

è mesmo, nossos posts se interrelacionam... (acho q já nasci com essa tal "pose de morte"...)

Bjs.